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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Os melhores em detalhes

Aproveitando a premiação do COB merecidamente aos dois campeões olímpicos, Maurrem Maggi e César Cielo, como atletas do ano, posto aqui o texto que fiz para a revista Estação, edição de primavera.

Detalhes Olímpicos - Rodrigo Gutuzo

"Pensamos em generalidades, mas vivemos nos detalhes." (Alfred North Whitehead, filósofo e matemático britânico)

O que é um centímetro em nossa vida? E um segundo? Ou pior, qual a importância de um milésimo ou centésimo deste? É estranho como tais coisas mudam de aspecto em certas situações da vida. Se essas perguntas podem ter a resposta de “irrelevante” para nós, a de um atleta olímpico deve ser “precioso”. As duas medalhas individuais de ouro do Brasil em Pequim simbolizam tudo isso.

Por um “insignificante” centímetro, a saltadora Maurrem Maggi chegou ao topo. Ah, esse precioso centímetro! Este pode não apagar os dois anos de suspensão por causa de uma pomada. Mas pode transformar um fardo pesado em leve, transformar o sentido de uma lágrima que escorre pelo rosto. Tudo por causa de um centímetro. Um pequeno detalhe tem o poder de fazer alguém ser campeão olímpico. E faz também um perdedor pela falta dele. Mas, escrevendo este texto, entendo qual foi a diferença. Era de um nome que cabe nesse espaço tão despercebido a alguns e importante a outros. Esse nome é Maurrem. E cabe certinho nesse pequeno e dourado espaço para ela.

Se algo visível quase não é notado por nós, imagine o que não pode ser visto. Um tempo: 15 centésimos de segundo. Qual a relevância disso em uma sociedade no qual não se vê mais o tempo passar. Ou melhor, em certas situações torce para ele passar depressa. Em outras, vá devagar, quase parando. Esse curtíssimo espaço temporal fez diferença para o nadador César Cielo. Fez o “Cesão muito doido” ficar realmente louco de alegria. Não sabia se gritava, chorava, ria ou até se nadava de novo. Somente tinha uma certeza: era o mais rápido da história dos Jogos. E uma convicção: campeão olímpico. Ao ver seu nome no placar, demorou mais para piscar os olhos do que a diferença dele para o segundo colocado. Quinze centésimos.

Tem quem diga que Olimpíadas é perda de tempo, não ensina nada a ninguém, é coisa de desocupado ou coisa parecida. Para alguns sim, isso é fato. Porém, ao ver essas duas medalhas históricas no esporte brasileiro, temos um ensinamento para a vida. O de que cada detalhe faz muita diferença. Seja um centímetro. Seja quinze centésimos de segundo. Eles têm poder de transformar uma vida quando aproveitados da melhor maneira.
Ps: O texto saiu também no blog Jogo Aberto, do jornalista esportivo Lédio Carmona, que é comentarista na Sportv. O Pitacos da Bola se orgulha de fazer parte da "turma do JA". Valeu Lédio, pelo espaço.

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