Publicidade

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O vilão-herói na decisão do detalhe

Como todo bom clássico e decisão, o detalhe é o que faz a diferença. Não foi diferente no Fla-Flu, que colocou o rubro-negro na final da Taça Rio contra o Botafogo. O resultado de 1 a 0 fez justiça a quem criou mais e se encaixou melhor em campo. Porém, um "morrinho-artilheiro" definiu a partida. Como todo Fla-Flu, teve também o seu vilão - que foi muito mais herói, por sinal. No segundo duelo dos treinadores, venceu novamente quem acertou a marcação e explorou a saída rápida de jogo.

Cuca optou por colocar Léo Moura como lateral e lançou Aírton como terceiro zagueiro. No meio, Willians e Kléberson faziam a contenção e Ibson jogava mais adiantado. O que parecia recuar o Flamengo deu mais iniciativa de jogo ao time. Parreira manteve o Flu das últimas partidas, com dois volantes, dois meias de ligação e dois homens de frente. O primeiro lance de perigo foi rubro-negro: após uma "firula" de Zé Roberto na esquerda, ele tocou de letra para Juan, que cruzou na cabeça de Léo Moura. A bola passou por cima do gol de Fernando Henrique. Era a bola do tipo "se vai no gol, um abraço". A resposta do Flu também veio de cabeça. Aos 9, Fernando Henrique fez um grande lançamento - algo incrível - para o ataque, achando Thiago Neves livre. O meia conduziu e rolou para Fred, que invadiu a área e dividiu com Willians e o goleiro Diego. Na sobra, Mariano cruzou para Everton Santos cabecear no alto, com o gol vazio.

Aí apareceu o grande personagem da tarde: Fernando Henrique. Primeiro, apareceu como santo, fazendo um verdadeiro milagre, aos 14 minutos. Juan bateu falta da esquerda (um escanteio de mangas curtas) e cruzou na área, para uma cabeçada incrível de Ibson e uma defesa mais fantástica de FH. Aos 18, o camisa 1 contou com a sorte: Josiel chutou da meia-lua e a bola passou perto, à esquerda. Aliás, um grande lance do camisa 9 rubro-negro: dominou, girou e bateu bem. O tricolor, nesse meio tempo, chegou com uma cabeçada de Jaílton, depois de escanteio, aos 25. Quatro minutos depois, a melhor chance do Fluminense: após novo escanteio, Luiz Alberto cabeceou e a bola passou rente a trave de Diego.

O lance que definiu o clássico veio aos 31. Aírton subiu ao ataque sem marcação e achou Juan livre na esquerda. O lateral - que depois de um bom tempo voltou a jogar bem - viu o espaço e bateu para o gol. O chute não saiu forte e Fernando Henrique iria fazer a defesa, mas a bola deu um "ping" a mais e matou o goleiro: 1 a 0 Fla!

O gol acordou o Flu. Aos 40, Thiago Neves bateu falta com perfeição e a bola bateu caprichosamente na trave. Dois minutos depois, Luiz Alberto falhou feio, sozinho, Léo Moura roubou a bola, invadiu a área e perdeu cara com Fernando Hnerique, que salvou mais uma vez. O lance continuou e Josiel tinha o gol quase aberto, mas Edcarlos salvou de maneira incrível. Um lance para a história dos Fla-Flus, digno do "Sobrenatural de Almeida". Aos 45, Diego salvou uma cabeçada de Luiz Alberto, que quase se redimiu da falha anterior.

Na segunda etapa, o jogo continuou movimentado. Parreira voltou com Marquinho no lugar de Wellington Monteiro. O time melhorou na saída de bola e foi em busca do empate. Quem assustou primeiro foi o Fla, com Zé Roberto mandando por cima do gol, logo no primeiro minuto. Aos 3, Ibson quase completou pro gol, ao se antecipar a Fernando Henrique após cruzamento de Zé Roberto. O Flu chegou pela primeira vez aos 5: Thiago Neves bateu cruzado e Everton Santos chegou atrasado. Lá e cá, o Fla chegou mais uma vez com perigo aos 9, em falta cobrada por Juan, exigindo boa defesa do goleiro. Três minutos depois, resposta tricolor com Luiz Alberto, que cabeceou e Diego fez a defesa. Aos 17, Ronaldo Angelim cruzou e Émerson, livre, mandou pra fora. Logo depois, Ibson bateu e a bola passou ao lado. Mais um minuto e foi a vez de Zé Roberto perder boa chance, cara a cara com FH, que fez mais uma grande defesa e a bola ainda tocou na trave. Mesmo vencendo, quem dominava era o Fla, que teve um pênalti discutível não marcado - ao meu ver foi - em cima de Émerson.

Nos acréscimos, o Flu foi pra cima com tudo, mas sem organização. Quem desperdiçou grandes chances de aumentar o placar foi o Flamengo. Primeiro aos 45, após lançamento de Ibson para Émerson, que ficou no mano a mano com o zagueiro, ganhou na corrida e ficou cara-cara com o Fernando Henrique, que novamente fez magnifíca defesa. Um minuto depois, Juan recebeu passe na entrada da área e bateu, para defesa com os pés do goleiro tricolor. Outro minuto e Émerson tabelou com Ibson até a área, a bola sobrou para Léo Moura que bateu e FH fez mais um milagre. Foi o último lance. Vitória rubro-negra, que está na final da Taça Rio.

A expressão de Fernando Henrique após a última defesa foi a de quem pensa "fiz tudo certo, menos em um lance". Era a tarde para consagra-lo. Há tempo não via um goleiro pegar tanto em um só jogo. O futebol tem dessas "injustiças". Se não fosse a atuação do goleiro tricolor, teríamos um novo chocolate no Maracanã. O Flamengo não ganhou somente por causa do erro de Fernando Henrique. Foi superior ao Flu em todos os aspetos. Abusou de perder gols - o que poderia ser fatal. Cuca conseguiu escalar, ao meu ver, o time ideal. Émerson já mostrou que é melhor que Josiel e Obina e merece uma chance. Já o Flu mostrou que precisa de alguém para fazer a saída de bola, quando os meias estão bem marcados. Leandro e Mariano foram nulos nas alas e seriam os responsáveis para desafogar o time. Não deu. Repito: o Fla venceu com méritos, mas ajudado pelo detalhe de um "ping" a mais da bola, em tarde de um herói que não merecia sair como vilão.

Domingo teremos mais uma vez (terceiro ano seguido) Botafogo x Flamengo. Confesso que não esperava os dois na decisão da Taça Rio. Final que pode acabar no próximo domingo, caso o Bota vença, ou se estender por mais dois jogos.

Nenhum comentário: